Como estudar no exterior pode melhorar o jeito como você pensa

Estudar, seja no seu próprio país ou no exterior, irá melhorar sua capacidade de raciocínio, conhecimento e criatividade. Isso é bem óbvio. No entanto, vários estudos recentes mostram que estudar fora pode melhorar sua cognição em um grau muito maior do que permanecer na sua terra natal. 

Criatividade

Embora muitas vezes sugerido informalmente, por escritores como Ernest Hemingway e Lord Byron, agora psicólogos e neurocientistas começaram a examinar mais de perto a mudança mental das pessoas que passaram algum tempo no exterior.

De acordo com Adam Galinsky, professor da Columbia Business School “Experiências num país estrangeiro aumentam tanto a flexibilidade cognitiva e de profundidade quanto a integração de pensamentos, que é a capacidade de fazer conexões profundas entre diferentes formas” diz ele.

“Mas não é apenas sobre ir para o exterior” Galinsky continua, “A chave crítica do processo é o engajamento multicultural, imersão e adaptação. Alguém que vive em um outro país e não se envolve com a cultura local, provavelmente vai ter um menor impulso criativo do que aqueles que viajam para fora e realmente se envolvem com o ambiente local”.  Ou seja, em outras palavras, você não pode ser passível ao viajar e esperar que você se torne mais criativo. Você tem que desafiar a si mesmo.

As vias neurais são influenciadas pelo ambiente e hábitos, ou seja, eles também são sensíveis a mudanças. Em essência, o que você faz, faz você a pessoas que é. Todas essas novas experiências e sensações experimentadas ao viajar e estudar podem desencadear sinapses latentes no cérebro e elas tem o potencial de revitalizar sua mente.

 

Autoconhecimento

Frequentemente se diz que as pessoas vão para o exterior para encontrarem a si mesmas. Por isso, elas geralmente querem encontrar a extensão de seus limites e ver como é a sua melhor versão. Temos a sorte de ver agora o que este processo significa em termos reais.

Mary Helen Immordino-Yang, uma professora associada em educação e psicologia da Universidade do Sul da Califórnia, diz que:

“O que muita pesquisa na área de psicologia vem mostrando agora é que a habilidade de se envolver com pessoas de outras culturas e a capacidade de sair da zona de conforto social está ajudando a construir um forte sentido de aculturamento do próprio eu.”

Com isso, ela quer dizer que nós nos entendemos melhor contrastando nossas personalidades com uma variedade de pessoas diferentes. Esse entendimento traduz-se em autoconfiança e força interior.

Além disso, ao vir conhecer diferentes culturas, você ganha um sentido de confiança maior nas pessoas que resulta uma sensação de fé na humanidade e, portanto, uma maior sensação de segurança em si mesmo. Esse efeito também é aplicado ao viajar simplesmente pela responsabilidade e independência obtida por ter que gerenciar a si mesmo longe de casa.

 

Confiança e independência

Esta confiança adquirida ao viajar e viver no estrangeiro também pode melhorar a forma como interagimos com as pessoas. Uma pesquisa feita por Dra. Julia Zimmermann e Dr. Franz Neyer comparou o desenvolvimento da personalidade dos estudantes universitários alemães que estudaram pelo menos um semestre no exterior.

Os resultados mostraram que aqueles que iam estudar fora, geralmente se tornavam mais extrovertidos e eram mais propensos a desfrutarem de estar perto de outras pessoas, e quando voltavam para casa, eles tendiam a serem mais abertos para novas experiências, mais afáveis e com melhor estabilidade emocional.

A compaixão também tende a aumentar segundo Tom Champion, que foi estudar em Singapura por 18 meses. “Ver o mundo através dos olhos de um estrangeiro me levou a entender meus hábitos culturais antes invisíveis e aprimorar o meu senso de empatia e minha capacidade de compreender os outros”

 

Saúde mental

Assim como é importante manter seu corpo fisicamente ativo para impedir que ele se degrade (por sinal, viajar para o exterior também é excelente para a sua saúde física), você deve manter sua mente ativa e exercita-la para que ela funcione bem. Paul Nussbaum, psicólogo e professor da Universidade de Pittsburgh, disse que os benefícios de viajar são grandes o suficiente para evitar doenças como o Alzheimer.

“Quando você expõe o seu cérebro para um ambiente inovador e complexo ou novo e difícil, ele literalmente reage” explicou. No cérebro crescem dendritos, permitindo assim a capacidade dele crescer. Embora este efeito possa ser alcançado jogando tênis, lendo Shakespeare, ou aprendendo xadrez, viajar acaba sendo o método ideal para alcançar esse crescimento.

“Viajar, por definição, é deixar seu cérebro ir para um lugar que é novo e complexo” diz ele. “Você fica um pouco atordoado e seu cérebro reage ao ser envolvido e então você começa a processar em um nível profundo”

Reforçando novamente, essa melhoria leva um pouco de esforço. “Você simplesmente não quer ser mecânico e passivo” Nussbaum continua. Embora os benefícios de até mesmo uma viagem curta, podem valer a pena para o resto de sua vida. “A viagem permanece com você e traz de volta memórias e experiências positivas. Você tem a capacidade de ir lá atrás nas suas lembranças”

Então, se você está numa posição vantajosa e tem a oportunidade de estudar no exterior, por que não assumir o risco e comprometer-se a uma nova cultura? Seu cérebro vai te agradecer sempre por isso.