Voluntariado internacional: será essa a aventura da sua vida?

Ser voluntário internacional e dedicar sua vida a uma causa pode significar “sair da zona de conforto”, mas é a chance de transformar seu intercâmbio no exterior em algo ainda mais gratificante e educativo a nível pessoal. Ao nível profissional, mencionar que foi voluntário em uma causa internacional já faz de você um candidato mais humano, mais disponível para ajudar.

Com a One World Center, Emy, paulista descendente de japoneses, começou seu intercâmbio nos Estados Unidos e prosseguiu seu programa de voluntariado na África. Leia a estória e saiba se essa é a experiência de vida que você precisa para ser feliz.

 

por Emy, Instrutora de Desenvolvimento na OWC

Eu sou Emy Murakami


Outro dia escutei o termo ”futuro aberto” e me peguei pensando o que seria isso. Afinal de contas, nosso futuro já não é de fato algo aberto? Aberto a oportunidades e ao que o destino reserva para nós? Mesmo concordando com isso, hoje vejo o quão fechado eu enxergava o meu próprio futuro. Mas isso foi há exatamente 1 ano e 4 meses atrás. Meu nome é Emy Murakami, tenho 26 anos, descendente de japoneses, brasileira de identidade e coração, e criada dentro de um lar abençoado. Nunca me faltou nada em minha vida… nada material, e é a partir daqui que começa minha mais nova e intensa aventura que compartilho com vocês.

Sempre tive o sonho de trabalhar em grandes multinacionais, subir alto na vida, enxergando sempre um bom salário e uma boa empresa. Me formei em Comércio Exterior e por trabalhar com logística e importação, “trabalho” era meu nome do meio. Sempre gostei do que fazia, mas não tinha certeza se eu fazia o que realmente gostava, na verdade, eu mesma nem sabia do que realmente gostava. Sempre tive medo de sair da minha zona de conforto, mas sentia que algo tinha que mudar na minha vida e me vi naquele momento “é agora ou nunca” e pedi demissão após 4 anos de casa.

Voluntariado da OWC no campus do Michigan

Foi quando tomei conhecimento do One World Center e sem pensar duas vezes, me joguei de cabeça, era exatamente aquilo que eu precisava, sair da minha zona de conforto, me desafiar, me dar a chance de ir atrás daquele “algo mais” na minha vida, algo que me despertasse. Aqui tive a oportunidade de conviver com várias culturas diferentes e além da diversão e das amizades, essa convivência me trouxe muito aprendizado. Testei minha paciência, minha humildade, tolerância e meus limites, tanto físicos como mentais. Me obriguei a viver tudo com toda intensidade, me joguei de alma e várias vezes me questionei se valia mesmo a pena, mas o fato é que tudo que fazemos com apenas 50% de nossa capacidade, resulta em 50% de sucesso.

Conheci um país de primeiro mundo que até então eu julgava com tanto preconceito e descobri que assim como no Brasil, os norte-americanos também são pessoas incríveis, com um coração enorme, me acolhendo tão bem em suas casas sem mesmo me conhecer e doando cada centavo que me ajudou a chegar até meu projeto em Moçambique.

Após 6 meses cheguei a Moçambique, país localizado no sudeste da África, continente este tão explorado mas tão pouco compreendido. Me deparei com um mundo que sempre via nos noticiários, um mundo onde eu, pela primeira vez, me senti intrusa por ser branca. Intrusa por sentir o quanto aquele povo sofreu nas mãos dos seus colonizadores portugueses e até hoje continuam ainda não sendo donos de seu próprio país pelo histórico de opressão. Vi muitas coisas que eu não gostaria de ter visto, injustiça e desigualdade, e aquilo só abriu mais meus olhos.

Fizemos parte de 2 projetos: Clube de agricultores e Escola vocacional. No início morei juntamente com minha parceira de equipe, Sora da Coréia, em uma comunidade onde não havia energia elétrica e muito menos água canalizada. Nossa vida era a base da lanterna, luz do sol e água trazida de galão da bomba d´agua. Foi uma experiência muito rica que me fez olhar minha antiga vida com outros olhos e dar o seu devido valor. Após mudar de projeto, dei aula de empreendedorismo para os jovens das comunidades mais pobres que gostariam de abrir um novo negócio ou simplesmente ter uma chance no mercado de trabalho. Em Moçambique chegar a uma Universidade é algo quase que inimaginável, principalmente para as família pobres. A agricultura ainda é o maior campo empregador e o nível de trabalhadores com carteira assinada é baixíssimo.

 Voluntariado da OWC no Michigan. Existe outro campus em Massachusetts

Ver a sede de aprender e o interesse nos olhos dos nossos alunos me fez dar 100% do meu potencial em minhas aulas, para que eu pudesse contribuir pelo menos com um pouquinho ao conhecimento daqueles jovens e mostrá-los que há um mundo inteiro afora esperando para ser conquistado, a começar pelo seu próprio país. Foi naquele momento que me vi apaixonada em ser professora mesmo que por 3 meses.

Meu desejo de fazer um trabalho voluntário nunca imaginou que eu seria tão cobrada, mas por ter vivido 100% cada momento, sinto que recebi o dobro de volta. Não foi nada fácil, mas por todo o aprendizado, eu faria tudo de novo. Em pouco mais de 1 mês retornarei para o Brasil, para minha família, para meus amigos e não vejo a hora de levar minha mensagem a todos eles. Volto pra casa vendo meu futuro mais aberto que nunca, cheio de oportunidades, desafios, mas que só cabe a mim enxergá-los. Quero encorajar meus amigos a se olharem a fundo por dentro e questionar se de fato estão vivendo suas vidas em 100%.

Eu acredito que o desejo de ajudar aqueles que precisam é algo muito nobre, mas antes de tudo, precisamos salvar a nós mesmos. Nos salvar do preconceito, do egoísmo e dos pré-conceitos com o nosso próximo e se realmente somos aquilo que mostramos ao mundo. Como é possível salva o mundo sendo que não temos nem a capacidade de perdoar e ajudar a pessoa ao nosso lado? Esse é o maior aprendizado que trago comigo.

 

Fonte: One World Center