Considerando que os Estados Unidos e o Reino Unido são as maiores potências mundiais em ensino superior e pesquisa acadêmica, não é difícil compreender as razões que os tornam os mais populares destinos de estudos do mundo entre estudantes de todas as partes. Mas eles valem o valor de investimento necessário para os estudos em suas terras? Basicamente, sim.
Pró: custo/benefício e a vivência no exterior
Quando se trata de cursos de inglês, os dois países oferecem um excelente custo/benefício, além de outras vantagens inexistentes em escolas de idioma no Brasil, como a vivência em outra cultura e a convivência com nativos, o que acaba por compensar o valor investido no curso do idioma e ajuda os estudantes a melhorarem a proficiência com mais rapidez.
“Se você comparar o valor do curso de idioma durante um ano no Brasil e três meses nos EUA ou no Reino Unido, vai perceber que o valor investido no Brasil pode ser até mais alto do que o valor investido no exterior”, explica Leandro Reis, gerente de Operações Internacionais da Business Marketing International (BMI). “Os benefícios da experiência de vida adquirida, experiência cultural, networking e o convívio 24 horas por dia com a língua estrangeira faz com que o custo benefício seja muito compensador para aqueles que optam por fazer o curso fora do país.” O gerente também ressalta que o aprendizado intensivo de três meses no exterior é equivalente ao de um ano de estudos regulares no Brasil.
Contra: a moeda cara e opções de trabalho durante os estudos
Canadá e Austrália estão crescendo notavelmente como destinos de estudo preferidos entre os estudantes brasileiros. E um dos fatores principais é o financeiro: o dólar canadense e o dólar australiano são mais baratos do que o americano e a libra esterlina. “É importante fazer a comparação e a análise da moeda local, pois isso pode fazer uma grande diferença no orçamento final da viagem”, alerta Reis.
O Canadá e a Austrália ganham ainda mais força quando o assunto é oportunidade de trabalho durante os estudos. “O Canadá tem incentivos migratórios feitos pelo governo canadense que permite que estudantes qualificados trabalhem no país. A Austrália tem uma política um pouco diferente, mas também existem opções de estudo + trabalho que animam os brasileiros na hora de decidir aonde estudar”, acrescenta o gerente de Operações Internacionais.
No Canadá, os estudantes podem solicitar uma “permissão de trabalho” (work permit) para exercer uma função remunerada no país, seja no campus universitário ou fora dele, e também para conseguir uma vaga como estagiário e em um co-op program. Se você tiver um visto de estudante válido e estiver matriculado em um curso integral acadêmico, vocacional ou de treinamento profissional em uma instituição de ensino superior reconhecida pelo governo, terá permissão para trabalhar por 20 horas semanais durante o ano letivo e por tempo ilimitado nas férias, sem precisar solicitar a work permit.
Na Austrália, os estudantes estrangeiros são permitidos a trabalhar 40 quinzenais durante as aulas e por horas ilimitadas no período das férias. Nos Estados Unidos, em contrapartida, o estudante matriculado em um curso acadêmico (graduação ou pós-graduação) pode apenas exercer funções remuneradas dentro do campus universitário. Muitas vezes o estágio obrigatório do curso não é pago. Há apenas a opção de estender a estadia após a conclusão do curso com um Optional Practical Training (OPT), um treinamento de 12 meses que deve ser obrigatoriamente ligado à sua área de estudo.
Mas a diferença entre as regras sobre trabalho com visto de estudante prejudica a experiência de estudos nos Estados Unidos ou Reino Unido? Leandro Reis deixa bem claro: não prejudica e sim enriquece a sua experiência. “Cada país tem suas regras. É importante que o estudante planeje antes de viajar e saiba o que é permitido ou não e quais são as regras de cada país. No Brasil, feiras e eventos como o Salão do Estudante são uma ótima oportunidade para o estudante planejar a viagem. Eles podem conversar diretamente com os representantes das universidades estrangeiras, com embaixadas e consulados de cada país, com alunos brasileiros que já estudaram lá fora e também fazer pesquisas em diferentes agências de intercâmbio.”
Segundo ele, a Irlanda, Austrália e os Estados Unidos têm regras diferentes, porém em todos estes países é permitido que o estudante tenha uma experiência de trabalho internacional, o que valoriza bastante o intercâmbio e a experiência de vida no exterior.
Pró: força econômica e política
Com o Brexit no Reino Unido e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, criou-se uma onda de questionamentos e preocupações quanto à admissão de estudantes internacionais nas universidades destes países, até então genuinamente multiculturais. Um dos fatores de avaliação global do desempenho de instituições internacionais é a sua perspectiva global, ou seja, quantos estrangeiros integram o seu corpo discente e docente, quantas colaborações internacionais são realizadas, entre outros quesitos. Dificilmente, este aspecto sofrerá alterações, tendo em vista que seria um retrocesso à educação e à pesquisa científica, importantíssimas para estas duas potências mundiais.
“Os Estados Unidos e o Reino Unidos são nações muito fortes economicamente e politicamente. Eles possuem um dos melhores sistemas de educação do mundo moderno. O Reino Unido tem uma tradição e boa reputação em qualquer lugar do mundo. Pode ser que com o atual cenário político em ambos os países se torne um pouco mais burocrático entrar nesses países. Porém uma vez matriculado numa universidade e com a carta de aceitação da instituição estrangeira, será possível obter visto de estudos sem maiores problemas”, tranquiliza Reis.
Contra: mais opções de destinos baratos e diversificados
Este fator não é um contra de verdade. Ele não anula nenhuma das grandes vantagens de se estudar nos Estados Unidos e no Reino Unido. Do contrário, é um reconhecimento de que o mundo é enorme, multicultural, diverso e cheio de oportunidades para todos os gostos.
Vários destinos de estudo estão crescendo em popularidade e cada um tem algo único a oferecer, como África do Sul, Malta e Irlanda, que também possuem o inglês como idioma oficial e oferecem cursos mais baratos do que os destinos convencionais como Estados Unidos, Canadá e Austrália.
“Existem oportunidades de voluntariado na África do Sul que atraem um nicho de mercado. Existem também opções de cursos de idiomas que envolvem atividades culturais e hobbies como dança, culinária, fotografia, cinema, dentre outros ou também e cursos + esportes radicais”, lista Reis. “Cada país tem suas características que fazem com que o estudante decida ir para outros destinos. Quem é da área de TI, por exemplo, pode se dar muito bem e preferir ir para Irlanda, Canadá ou até na Índia. Para área de negócios muita gente quer Estados Unidos ou China. Para área de moda, Itália ou França. Para hotelaria, Suíça. Ou seja, são diversas opções e cada país com sua especialidades.”
Dificilmente Estados Unidos e Reino Unido perderão a sua posição como potências educacionais mundiais. Das vantagens culturais às profissionais, a experiência de estudar em um destes países ainda vale o investimento. No entanto, é bom haver o reconhecimento de que outros destinos de estudo têm experiências e benefícios a oferecer. O importante, primeiramente, é reconhecer o intuito do seu intercâmbio, quais são os seus objetivos e planos futuros, para depois identificar o país que melhor atenda às suas necessidades.