O Cambridge Dictionary define gap year como “um ano entre deixar a escola e começar a universidade geralmente passado viajando ou trabalhando”. Em português, a palavra “sabático” significa “relativo a um período de suspensão temporária das atividades regulares”. O gap year (ou ano sabático) nada mais é do que realmente tirar um ano da sua vida de estudos para descansar, viajar, se conhecer, entre outras coisas.
Pode ser um período de insights pessoais, exploração dos seus interesses e planos, e identificação do que você quer para o futuro, tanto acadêmica e profissionalmente quanto pessoalmente. Ou então é simplesmente uma maneira de recarregar suas energias.
O gap year cresceu tanto em popularidade que diversas organizações e agências criaram e passaram a oferecer pacotes de programas de gap year, que podem consistir de viagens, trabalhos remunerados e voluntariados pelo mundo. Com a popularidade vem a necessidade de regulamentação. Para isso existem organizações como a American Gap Association (AGA) e a Gap Year Association (GYA), órgãos de acreditação e padronização dos programas de ano sabático, para garantir que as experiências sejam seguras e atendam a um padrão oficial de qualidade.
A pessoa interessada em fazer um programa de gap year pode escolher entre opções de trabalho voluntário, retiros, viagens internacionais, estágios, entre outras. Segundo a Gap Year Association, uma receita ideal para um ano sabático é aquela que consegue combinar quatro elementos (conhecidos pelos japoneses como Ikigai): paixão, missão, profissão e vocação. Ou seja:
· Algo que você ama fazer;
· Algo que o mundo precisa;
· Algo pelo qual você possa ser remunerado;
· Algo em que você seja muito bom.
Para atender a todos estes requisitos, um programa de gap year reconhecido pode oferecer em um só pacote uma experiência completa de aprendizado, unindo trabalho voluntário, exploração de uma carreira, uma função remunerada e aventuras.
Contras
Resolvemos começar com os contras porque é possível que os prós que vêm a seguir sejam razões ainda mais fortes e te convençam a tirar um gap year.
O principal fator contra de um ano sabático é atrasar os seus estudos por um ano. Enquanto a maioria das pessoas conclui o terceiro ano do ensino médio, presta o vestibular e já parte para uma graduação, você vai passar um tempo afastado e entrará na universidade um ano depois. Consequentemente, demorará um pouco mais para conquistar uma vaga no mercado de trabalho.
Alguns argumentam que é possível tirar um ano sabático assim que concluir a graduação ou até mesmo após ter a carreira consolidada. A diferença é que aí você já terá decidido o seu caminho acadêmico e profissional com a escolha da sua graduação, portanto a proposta do gap year perderá um pouco o sentido.
Se você está cem por cento certo em relação à sua área de estudo e o que você deseja para a sua futura carreira, talvez o gap year não faça muito sentido, principalmente porque você investirá tempo e dinheiro em uma experiência que pode atrasar a sua formação acadêmica.
Prós
Por outro lado, segundo a American Gap Association (AGA), 90% dos estudantes que tiram um ano sabático retornam para começar a universidade em até 12 meses e, essencialmente, são os que mais têm chances de terminar a graduação do que os colegas de classe que não tiveram este tempo extra para considerar suas opções.
Ainda segundo a AGA, 75% dos graduandos que fizeram um gap year se consideram “felizes” e “extremamente satisfeitos” com suas carreiras após a universidade. Além disso, a experiência os ajudou a definir a sua ideia de “sucesso”, que normalmente envolve um aspecto de serviço à humanidade. Sessenta por cento deles também acreditam que o ano sabático “os colocou no caminho certo para a sua carreira/graduação atual” ou “confirmou a sua escolha de curso acadêmico/profissional”. E, por fim, 88% disseram que a experiência aumentou sua empregabilidade.
Além de todos esses dados registrados pelo AGA, há vários outros aspectos pessoais, acadêmicos e profissionais intrínsecos ao ano sabático que podem ser considerados prós. Nó listaremos alguns a seguir!
1. Desestressar
O colegial é um período estressante e de muita cobrança. A experiência é ainda mais traumatizante para quem não tem certeza do que quer estudar na faculdade e se sente pressionado a decidir-se o quanto antes possível para prestar o ENEM e/ou Vestibular. De fato, a pressão desse período interfere diretamente na saúde física e emocional dos colegiais – perda ou ganho de peso, insônia e crises de ansiedades são apenas alguns exemplos.
Sem contar que o estudante pode acabar tomando uma decisão às pressas, sem muita consideração, e se arrepender posteriormente, quando já estiver matriculado em uma graduação. Talvez, ao terminar o ensino médio, você precise de um tempo para colocar os pensamentos em dia e simplesmente se acalmar.
2. Autoconhecimento
O estudante que tira um ano sabático tem mais tempo para ponderar sobre si mesmo: quais são suas aptidões? O que você quer conquistar com uma graduação? Qual é o seu objetivo de vida e o que você deve fazer para atingi-lo? Como você se vê daqui cinco ou dez anos? Qual carreira profissional você gostaria de seguir?
O autoconhecimento somado às novas experiências que você viverá em um programa de gap year te ajudará a fazer escolhas mais certeiras em relação à sua vida acadêmica e profissional e também te tornará uma pessoa mais confiante, madura e decidida.
3. Experiências enriquecedoras
Os programas internacionais de gap year vão desde retiros de meditação na Índia (com aulas de hindi) até aprender sobre a produção do café na Indonésia ou trabalhar com a conservação ambiental na África do Sul. As opções incluem diversos destinos e oportunidades, têm variados preços, são oferecidas por diferentes organizações e quase todas contam com aulas de um idioma estrangeiro e outros tipos de projetos de aprendizado. Um gap year nem sempre precisa ser um ano completo, há opções trimestrais e semestrais também!
Independentemente do valor, duração e trabalho que você exercerá, uma coisa é certa: a experiência será enriquecedora e você desenvolverá diversas soft skills, inclusive a conscientização global e multiculturalismo.
4. Estudar no exterior
Se você tem vontade de estudar no exterior, este é um período que pode ajudá-lo a se preparar. Além de ter tempo para providenciar todos os requisitos e documentos do processo seletivo, a própria experiência de gap year contará como ponto positivo para a sua admissão. Você também já aprenderá a viver imerso em uma cultura diferente de outro país e a falar com proficiência um idioma estrangeiro. Tudo isso contará a seu favor na hora de se inscrever em uma universidade internacional!